Se fizéssemos essa pergunta para Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, a resposta seria com certeza não!
Segundo ele, nem todo dono de negócio é um empreendedor. Empreendedor é aquele que cria algo totalmente novo.
“Se você quer algo novo, você precisa parar de fazer algo velho” – Peter Drucker
Caro leitor e leitora, interessado em abrir uma franquia, tenho que lhes falar.
Eu, muito respeitosamente discordo com o Peter nesse ponto!
Eu sei que alguns vão querer me matar ou me achar arrogante mas esse é meu ponto de vista.
Pelo menos no mundo real do dia a dia.
Para mim ter uma franquia é empreender.
Na minha visão, empreender significa assumir riscos em uma atividade produtiva que gere prosperidade.
Aliás, o Peter também concorda com essa parte. Inclusive, para ele, assumir riscos era um dos grandes elementos da atividade empreendedora.
Na verdade, quando ele define empreendedor como “aquele sujeito que cria algo totalmente novo” era década de 80.
Hoje as coisas estão diferentes.
O ritmo da mudança está acelerado. Os negócios estão mais arriscados e, até mesmo, ser funcionário de uma empresa está mais arriscado!
Ninguém mais sabe quando algo realmente novo é inventado.
Aliás muitos conceitos se misturam e criam novas ideias de negócio a todo instante portanto, seria muito difícil definir que é empreendedor e quem não.
Voltando as franquias
Você pode pensar: em uma franquia eu não tenho total liberdade para agir.
E é verdade!
Mas nem mesmo o franqueador, dono da marca, tem total liberdade de ação.
Dúvida?
Por exemplo, na escolha de ponto, que é um dos aspectos mais importantes no sucesso de um negócio, o franqueador irá avaliar as opções de ponto e indicar (não determinar) o local do ponto comercial onde será instalado sua franquia.
Aliás, na maioria dos casos, você que está interessado em abrir uma franquia é que terá que pesquisar as opções de ponto comercial disponíveis e mostrar para o franqueador.
O franqueador vai ajudá-lo e até recusar alguns pontos para não deixar você entrar numa fria. Mas, no fim das contas, você precisa notar a mão na massa e participar da decisão.
Sabe por que? Escolha de ponto envolve riscos e ele tem que deixar você participar disso afinal, você é empreendedor e está investindo seu dinheiro para abrir a franquia.
Achou que a escolha de ponto comercial para franquia fosse uma ciência perfeita?
Mesmo gigantes do varejo como Magazine Luiza, Pão de Açúcar e Casas Bahia, de vez em quando, erram na escolha do ponto. Mesmo com toda sua experiência e seus estudos de geomarketing!
Isso é empreendedorismo. Gerenciar a incerteza minimizando riscos!
Bem vindo ao mundo empreendedor!
Uma prova da necessidade de empreendedorismo do franqueado, é crise econômica que estamos passando.
Apesar de alguns meios tentarem vender que as franquias são só prosperidade, isso não é verdade.
Segundo os números da ABF foram fechadas 4,4% do total de franquias em operação no ano passado. É menor que nossa taxa de desemprego mas, mesmo assim, mostra que não é só de sucesso que vive o franchising.
Aliás nem preciso de estatísticas para demonstrar esse ponto.
Trabalho com franchising e visito franqueadores e franqueados com frequência.
Com a crise muitas unidades fecharam e não isso não significa necessariamente que a franquia não era um bom negócio ou coisa do tipo.
Nas conversas que tive com franqueadores, sejam de grandes redes de franquias com mais de 800 unidades, franquias médias com cerca de 200 unidades ou com marcas jovens com 30 unidades, percebi algumas similaridades.
Me falaram que aqueles que passaram pela crise melhor eram os franqueados mais preparados ou, para parafrasear alguns desses franqueadores, eram os “franqueados mais empreendedores”.
Esse franqueado se mostrou disposto a aprender a gerenciar seu fluxo de caixa, liderar suas equipes, negociar com fornecedores e em muitos casos, conseguiu abrir sua segunda franquia e muitas outras!
Franqueado não pode fazer nada diferente
Você já ouviu a frase acima, não ouviu?
Essa história de que o franqueado não pode fazer nada diferente no negócio dele é mentirosa.
É claro que você deverá atuar dentro de limites.
E, ironicamente, em muitos casos, são esses limites que fazem da franquia um negócio mais seguro do que se você for empreender sozinho.
Mas, para ilustrar o meu ponto – de que o franqueado pode e deve contribuir para a rede de franquias com sua veia empreendedora – quero citar alguns exemplos de casos que conheço onde o franqueado, atuou como verdadeiro empreendedor:
- Franqueado de um franquia de escolas, fez uma parceria com a prefeitura para patrocinar um evento de premiação e com isso obteve os contatos de diversas pessoas da cidade e utilizou esses contato para ações de venda;
- Franqueado de uma rede alimentação, ajudou a desenvolver um novo tipo de embalagem, que foi apresentado ao franqueador e adotado em toda rede;
- Franqueado de uma franquia produtos naturais, ajudou a desenvolver fornecedores locais na sua região que depois, foram adotados pela franqueadora em outros estados
Aliás, a história mais icônica sobre o espírito empreendedor do franqueado aconteceu justamente dentro do maior símbolo do franchising, o McDonalds.
Um dos primeiros franqueados da rede McDonalds, Jim Delligatti, inventou nada mais nada menos do que o Big Mac e convenceu (depois de algum tempo) a rede a implantar sua grande ideia. Sucesso não?
Praticar sua veia empreendedora é para todos?
Claro nem todos pensam assim, inclusive alguns franqueadores.
Certa vez participei de um evento com mais ou menos 50 franqueadores e a pauta que estava sendo discutida eram os comitês de franqueados.
Os comitês ou conselhos de franqueados, são grupos onde alguns representantes dos franqueados se reúnem com a franqueadora para discutir ações de marketing para a rede de franquias, além de diversos outros temas relacionados ao negócio.
Apesar da maioria dos franqueadores do evento partilhar da opinião de que os comitês participativos dos franqueados são boas iniciativas, lembro-me que um franqueador se posicionou contra.
Ele explicou que na sua rede de franquias essa era a regra do jogo e que as coisas funcionavam muito bem!
Inclusive, lembro que o sujeito disse algo como “na minha rede mando eu“.
Não posso discordar desse franqueador. Afinal, ele é um proprietário de uma rede com alguns anos de estrada e com diversas unidades franqueadas.
Hoje refletindo, acredito que essa cultura pode até funcionar na rede dele.
Aliás essa cultura deve casar muito bem para alguns perfis de franqueados.
Entretanto, tenho que confessar:
Eu não seria franqueado dessa rede!
Quando possível, eu gosto de participar de decisões e poder sugerir alternativas para que o negócio prospere.
Entretanto, minha visão é que você deve encarar seu instinto empreendedor e avaliar onde você se encaixa melhor:
Você prefere ser franqueado em uma rede de franquias mais participativa, onde você tem espaço para sugerir e contribuir nos fóruns e momentos certos pra fazer isso?
Ou você prefere ter uma franquia em uma rede que você não tenha muita abertura e foque na 100% na execução, afinal você já terá bastante trabalho cuidando do seu dia a dia?
Diego, não entendi essa história.
Franquia não é um negócio que já está pronto?
Com tudo isso que falei você pode estar pensando.
Será que franquia é pra mim? Não é muito arriscado? Eu preciso ficar dando sugestões para melhorar o negócio? Achei que na franquia viesse tudo pronto…
É claro que em qualquer boa franquia, o negócio já foi previamente “formatado” e testado, com padrões de operação que funcionam e com produtos e serviços e que as pessoas querem comprar.
Mas, como falei no início do artigo, o mundo atual é dinâmico e não podemos ficar parados. A mesma coisa se aplica às franquias.
Apesar de ser função e obrigação do franqueador desenvolver continuamente o negócio, acredito que os franqueados com sua possam contribuir muito para a evolução da rede, utilizando sua veia empreendedora.
Afinal, o franqueado está à frente do negócio e em contato direto com clientes, entendendo suas mudanças de comportamento e detectando novas demandas.
Interessante esta história de empreender com franquias Diego, mas afinal, é muito arriscado abrir uma franquia?
Eu entendo sua dúvida.
Me fazem esse tipo pergunta com frequência – principalmente jornalistas quando me entrevistam sobre como empreender com franquias.
Empreender com franquias envolve risco sim mas, é definitivamente mais seguro do que empreender sozinho.
Esse é um fato lógico e não precisamos nem de recorrer a pesquisa para provar.
Se você escolher uma franquia com cuidado utilizando os critérios que expus neste artigo aqui, você certamente estará mais seguro do que sair voando solo e você poderá ser um grande franqueado empreendedor!
Aliás, você tem certeza de que ser funcionário de uma empresa é tão mais seguro do que empreender?
Lembre-se que com a crise econômica, estamos na casa dos 12% de desemprego, sem contar aquilo que não está mensurado nessas pesquisas.
Eu já estive dos dois lados. Fui funcionário por quase dez anos e agora, sou empreendedor.
Sem falsa modéstia, tive uma carreira de sucesso. Fui enviado para trabalhar no exterior com absolutamente tudo pago pela empresa.
Hoje “empreendo e não me arrependo“. Principalmente porque faço o que gosto!
Conclusão
Ser franqueado é ser empreendedor e, por definição, a atividade empreendedora envolve riscos.
Empreender não é para todo mundo. Empreender com franquias também não!
Entretanto, empreender é gratificante e, nos dias de hoje, os riscos da atividade empreendedora podem não ser tão maiores do que trabalhar como empregado em uma empresa.
Olá Diego, gostei do seu artigo, sua forma de escrever e opinião. Estou pensando em fazer um TCC para minha pós abordando assunto relacionado ao seu texto. Será que poderia eventualmente consultá-lo para alguma ajuda.
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